sábado, 18 de outubro de 2008

Quando alguma coisa chama minha atenção e tenho vontade, passo por aqui e deixo meus pensamentos e impressões. Alguns leitores do blog reclamam dos assuntos escolhidos. Muito futebol e esportes em geral. O blog existe para que meus amigos, os de longe e os de Brasília, mantenham contato e saibam o que penso “sobre tudo”. Pode ser qualquer coisa, uma vitória do Flamengo, uma derrota humilhante, uma nota de 3 reais, ou um seqüestro de 4 dias com desfecho trágico.
Confesso que não acompanhei o caso com muita atenção. Fiquei sabendo uns dois dias depois que um rapaz mantinha duas meninas presas em um apartamento. Que uma das meninas havia tido um relacionamento longo com o agressor. Não seria o primeiro caso dessa natureza registrado na história e não será o último.
Como estou com uma dor lazarenta nas costas, fiquei em casa durante a tarde de hoje. Pude ver várias coisas na televisão, inclusive um programa em que a mulher constatou que o marido é fiel, por meio de um detector de mentiras. Prestando atenção ao assunto dominante da casa percebi que o seqüestro ainda não tinha terminado. Mais de cem horas. Que uma das reféns libertadas tinha voltado pro apartamento.
Achei um desses canais de notícias 24 horas e fiquei acompanhando os comentários. Eram especialistas em segurança pública, psicólogos, etc... Todo mundo dando seu pitaco na situação. Mas tava sentindo um clima estranho no ar, alguma coisa me dizia que iria rolar uma merda federal.
Acho que todos já sabem o que aconteceu. Agora surgem milhões de perguntas, algumas nunca terão respostas convincentes.
A primeira coisa que me passou pela cabeça foi o seguinte: toda a mídia que ali se instalou não poderia ajudar em nada na resolução favorável do caso. Claro que havia uma TV no apartamento. O agressor sabia de toda a movimentação da polícia o tempo todo. Ainda temos que considerar que a exposição na mídia pode ter alterado a forma de pensar do rapaz. A repercussão gerada pode ter dificultado a liberação das meninas. A exposição na mídia do caso não gerou nenhum benefício aos mais interessados.
Comentários com relação à ação da polícia serão milhares. Como diria Humberto Gessinguer: “fácil falar, fazer previsões depois que aconteceu (...) moleza mandar a tropa atacar da tela do computador...”. Decisões têm que ser tomadas e as pessoas irão cobrar, no fim de tudo, a operação não foi bem sucedida. As vítimas saíram feridas e o agressor saiu andando. É bem verdade que a polícia sentou o sarrafo no cara, mas ele foi o que menos ficou ferido em todo o caso. Esse tipo de caso é considerado um dos mais difíceis de resolver. Quando a questão passional é envolvida. Uma pessoa assim pode fazer qualquer coisa, é capaz das mais variadas atitudes. Penso que a invasão do recinto só deveria ser efetuada na certeza de que o agressor seria contido. Penso também, que em casos dessa natureza, a prioridade deve ser a vida das vítimas. Olhando por esse prisma, a ação foi desastrosa.
Muitas coisas serão levantadas agora, porque os pais permitiram o namoro da filha de 12 anos com um rapaz de 19, porque o polícia invadiu a casa, porque demorou tanto pra invadir. Enfim, explicações irão surgir e não tenho a intenção de fazer isso aqui.
O que mais me assusta é a capacidade do rapaz de gerar tanto dano a uma pessoa com quem conviveu por muito tempo e que dizia amar. Estou fazendo estágio de prática penal esse semestre. Não posso apresentar números precisos, mas a imensa maioria dos processos que pude olhar são crimes cometidos por pessoas muito jovens, com no máximo 24 anos. Alguma coisa tem que ser feita.
São casos como esse que me fazem perder a esperança e a cada dia acreditar menos na humanidade.

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