sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu fui!

Ah o Maracanã. Como bom flamenguista faltava conhecer o Maior do Mundo. Estava como o muçulmano que não conhece Meca. Ir a qualquer estádio de futebol já é uma experiência bacana, mas ir ao Maracanã foi bem diferente. Várias emoções em um só evento.
A oportunidade não poderia ser melhor. Duelo contra um rival nacional pelas oitavas de final da taça Libertadores da América. Como todos sabem, nossa classificação foi obtida na “bacia das almas”. Passado o martírio e confirmada a nossa classificação, entrei em contato com o amigo Rogério, que agradeço imensamente pela hospitalidade e por ter mofado na fila dos ingressos por mais de cinco horas. Sem sua força esse sonho não teria se realizado. Obrigado!
Combinação feita, ingressos e passagem comprados, parti na terça-feira para a Cidade Maravilhosa. Confesso que não fico tranqüilo em aviões, principalmente durante o pouso e a decolagem. Saí cedinho de casa e fui para o aeroporto Juscelino Kubitschek em Brasília. Embarquei e a decolagem foi um sucesso. Não gosto muito de ir na janela, vou sempre no corredor mesmo. Depois de uns dez minutos de vôo, um moleque começou a se soltar. Não parou de falar até o fim do trajeto. A soneca foi dessa.
A curiosidade do moleque o levou até a janela. O pouso estava programado para o aeroporto Santos Dumont no Rio. Tudo corria na normalidade, até o lazarento do moleque gritar em alto e bom som: “vai pousar na água, vai pousar na água!”. Quase soltei o famoso “Puta que pariu, fod**”. A porra do moleque estava na janela e tinha a visão bem melhor que a minha. Ainda bem que ele errou. Correu tudo dentro da normalidade.
Passei uma terça bem agradável em Niterói. Uma leve agonia que não tinha relação alguma com o evento principal. Coisas do coração mole que a vida me deu.
Na quarta tudo mudou. Não havia espaço para mais nada. Só Flamengo. Uma pequena pausa para olhar a internet, procurando informações do jogo de logo mais e para ver Barça e Inter pela UEFA Champions League. O Galvão torceu descaradamente pela Inter. Só que não dava mais para desligar. Acabou o jogo da Europa e Partiu MARACA... Pegamos o ônibus e a festa começou na “bumba” mesmo. Aqui cabe uma pequena reflexão. Engraçado como se comportam os homens quando “surge” o futebol. Estávamos todos cantando para apoiar o time, o que nos une a desconhecidos e transforma o cara do lado em grande amigo, sendo que o time nem estava no campo, sem falar que a gente nem estava na arquibancada.
Descemos perto do estádio e tudo correu na maior tranqüilidade. Claro que o jogo foi de uma torcida só praticamente, mas não presenciei nenhum ato de violência.
Chegamos a um boteco pelas 19h30min. A meta era tomar umas cervas para tentar dar uma relaxada, mas já era impossível. O clima do jogo já estava nas ruas lotadas. O povo todo já cantava “a alegria de ser rubro-negro”. 20h30min partimos para o estádio. Fotos na entrada e uma emoção que poucas palavras podem descrever.
Procurando um bom lugar para ver o jogo fiquei hipnotizado pelo gramado.

Um amigo vidente de Brasília, quando ficou sabendo que ia pro estádio, sentenciou: “Ta indo pro Maracanã? Tenho certeza que você vai chorar.” Acertou em cheio. Não tive nem a coragem de tentar segurar. Seria inútil mesmo. Só de lembrar tudo aqui escrevendo da vontade de chorar de novo. Eu sou meio chorão mesmo, mas geralmente é choro de alegria. Todo aquele clima, aquela chuva. Antes mesmo de começar o jogo já estava de alma lavada. A cabeça tinha esquecido, sem esforço algum, de todos os problemas, os novos e os antigos.
Encontramos o Gustavo, irmão do Rogério e pessoa da melhor qualité, e fomos para o meio da galera. Primeiro tempo atrás do gol defendido por Bruno. Lotado. Sem espaço para respirar e duas gatinhas do lado, a torcida do Flamengo é da melhor em todos os sentidos. heheehehe.
Nessa altura do campeonato aquela emoção de conhecer o Maior do Mundo tinha passado. Agora era a emoção do jogo. A emoção da bola rolando, se bem que no primeiro tempo a bola quase não rolou. Aquela bendita chuva tinha encharcado o campo. O único acontecimento relevante do primeiro tempo foi a expulsão do Michael. Com um a menos a torcida se calou. Por uns dez segundos... A maior do mundo sabia que tinha que jogar junto, que a hora era de ajudar e não se calou. O tempo passou e nada da rede balançar.
Cabe aqui destacar a forma como o traíra foi hostilizado. Toda a sorte de palavrões, músicas e vaias para ele. E ainda foi pouco. Ele merece muito mais.
A chuva parou. Começou o segundo tempo e o campo melhorou. Com o campo bom o time que estava com um a menos se mostrou melhor. Criou mais chances agudas de gol e teve um pênalti, bem marcado, a seu favor.
Imperador pegou a bola. Muitos se lembraram do pênalti contra o botafogo. Adriano mudou o canto em que costuma bater e guardou. Foi endeusado aos gritos de “o imperador voltou”. Não comemorou e nem deu bola pra torcida. Muitos torcedores nem viram a bola entrar, ajoelhados com o rosto coberto só faziam rezar. Eu não podia perder nenhum lance. A bola entrou e foi uma explosão só: abraços, pulos, apitos, palavrões e o famoso AHHHHHH, PORRA! que o Bloco R da 402 sul conhece bem. E choro também.
A torcida cantou tanto ate o fim do jogo que o mundo inteiro deve ter escutado.


A festa da torcida foi das coisas mais lindas que eu já vi. Mais algumas chances, um sufoco num cruzamento do infiel e o jogo chegou ao fim. Outra explosão na arquibancada. Por jogar quase que o jogo todo com um a menos, o resultado foi bom.
A volta foi bem mais tranqüila, no carro do Gu escutando o balanço geral da rádio Globo/CBN.
Chegamos ao apartamento do Rogério, um ranguinho, um banho e cama. Agora sou pé-quente de maracá, parceiro.ahhahahahah. Alma lavada e precisava, viu. Foi um grande reencontro com meu time e comigo mesmo.
De banho tomado e já raciocinando, não me permiti e nem consegui pensar nas merdas da vida. Fase ruim, indiferença, coração mole e o caaralh*. Só conseguia pensar na alegria de toda essa experiência. Só pra variar, adormeci chorando...de alegria.


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